Estou sentado nesta sala de espera a algum tempo e, sem muito o que fazer nesse banco, comecei a olhar em direção a saída e analisar a paisagem. É claro, paisagem urbana, muito concreto. Com prédios prontos e outros em construção.
Daqui eu posso enxergar o calçamento que desce em desnível para a minha esquerda.
Nos fundos, observo uma construção precária, com algumas motos e uma bicicleta, provavelmente dos funcionários do escritório. Também um casarão, que já teve seus anos de glória e hoje serve de abrigo para algumas pombas.
Na calçada, há um bloco de concreto diferente, quer dizer, ele é igual a todos os outros em qualidade e formato. Tem seis lados, é do mesmo material e tem um pouco de vegetação nas bordas, que se aproveita da pouca terra ali existente. É igual aos outros nesses sentidos, mas o encarei como “a ovelha diferente” da família.
Todos os outros blocos estão acompanhando o desnível do chão, perfeitamente colocados. Mas aquele bloco é rebelde, está perpendicular a rua de cima, sem ligar para o que os outros blocos dizem. Deve ser um bloco sofredor.
Não sei que força da natureza o influenciou. Talvez ele foi colocado assim por descuido, talvez de propósito. Ou foi colocado como os outros e após alguém o ter pisado, se rebelou.
Se alguém o colocou de propósito assim, o trabalhador foi um gênio. Talvez nem tanto, alguém pode tropeçar e quebrar o nariz ali. Talvez alguém passe todo dia pela calçada com raiva tremenda desse bloco. Mas fazer o que? Afinal, ele é um bloco diferente. Mas vacilou e virou Crônica.
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Publicado originalmente em 15 de Setembro de 2019.
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