Muitas vezes nós procuramos o prazer, e algumas vezes, ele nos procura e encontra. Hoje, depois de alguns dias almoçando no quarto, decidi almoçar na mesa da cozinha. É algo relativamente fora da minha zona de conforto, porque aqui não chega o sinal da Internet.
Almoçando, não parei para contemplar o meu redor. Me concentrei apenas em me alimentar. Quando terminei de almoçar, pude sentir o momento. Olhei alguns segundos para a frente, os raios do sol entrando pelo grande janelão de vidro. É interessante como o sol torna as cores mais bonitas e o dia mais vivo.
Penduradas no varal da varanda, as roupas que eu lavei para de tarde viajar. Mais abaixo das roupas, pude enxergar a rua, e as folhas dos pessegueiros e das laranjeiras brilhando com o sol. Os galos dos vizinhos estavam cantando, competindo para ver quem cantava melhor e mais alto. O velho relógio na parede ao meu lado marcando o compasso. Tocando sempre no mesmo ritmo, sem se importar se os galos o acompanham ou não.
Nada mais, eu estava sozinho, sem conversa fiada, apenas aproveitando o momento. O estranho é que eu não precisei procurar por isso, pois o prazer me achou.
Vou ter momentos parecidos, momentos melhores, mas nunca terei o total conjunto de situações. Posso me sentar aqui em outros dias, mas os galos não cantarão no mesmo momento, o sol pode não aparecer da mesma forma, o vento virá de outra direção. E o velho relógio se calará.
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Publicado originalmente em 15 de julho de 2019.
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