O homem do machado

Eu estava  voltando pra casa, tranquilo após levar algumas malas da minha tia pra o ponto de ônibus. Passando na frente da serraria aqui perto, me deparei com um homem vindo na minha direção com um machado. Normal, afinal de contas, é uma serraria, usam machados lá.

Fomos nos aproximando, cada um de um lado da estrada. Ele é um conhecido meu, mas temos algumas opiniões controversas. Nos cumprimentamos e cada um continuou seu caminho. Sabe quando você pensa que algo pode dar errado e fica fantasiando isso? Pensando nas possibilidades e estatísticas ?

Eu imaginei aquele homem dando meia volta e caminhando sorrateiramente atrás de mim. Quando chega perto, há distância de uma machadada, bem,  ele ergue o machado acima do corpo, e, adivinhem, me corta em dois. 
Eu sei: “isso só acontece em filmes de terror.” Mas, naquele momento, é o que uma vítima pensaria. É o que as vítimas muitas vezes pensam, infelizmente, “não vai acontecer” e “ comigo não.”

Mas eu também não queria olhar para trás e conferir se ele estava andando atrás de mim pra me acertar. Se eu olhasse pra trás, e ele percebesse, ele poderia ficar ofendido, e talvez daí sim, viria atrás de mim com o machado. O meu cérebro começou a fantasiar os passos dele se aproximando. 
Percebi que era hora, era tudo ou nada. Olhei pra trás e pude ver ele lá longe, caminhando em direção a vila. Eu não corria mais perigo, minha mente fértil parou de fantasiar.

Publicado originalmente em 29 de julho de 2019.


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