Novamente estou aqui, em plena noite de quarta feira escrevendo esta crônica para meus leitores beta a lerem com um pouco de antecedência. Vou deixar aqui registrado que nas próximas semanas pretendo me dedicar mais cedo, a fim de extrair um conteúdo melhor.
Hoje lembrei de uma curiosidade da minha infância que certamente dará uma boa crônica.
Eu devia ter uns 9 ou 10 anos quando deu uma enxurrada aqui no sítio. Isso acontece devido às fortes chuvas que aumentam o nível do rio que passa aqui perto, alagando as plantações mais baixas.
Foi em uma dessas enxurradas que meu pai por curiosidade foi ver o nível da água nas lavouras, e voltou com um lambari na mão. O pobre peixe havia subido junto com o nível da água e quando o nível baixou, ficou preso em uma poça. Meu pai conseguiu pegá-lo com a mão, e trouxe para casa para mostrar o feito, pescar sem usar caniço e anzol.
Como era só um, além de ser de uma espécie pequena, não valia a pena gastar azeite com aquele pouquinho de carne. Provavelmente meu pai esperava que eu o soltasse novamente em seu habitat, ou pensava em alimentar algum gato ou cachorro com carne branca.
Ao ver aquele lambari, fiquei encantado com a ideia de tê-lo como animal de estimação, e logo o tinha dentro de um vidro de conserva com água. Meus pais e irmãos alertavam que ele não aguentaria viver em água parada, mas em minha cabeça, a água do vidro era a mesma do rio e não fazia ideia de porque eles se preocupavam com o peixe no meu “aquário”.
Ele ganhava pedaços de pão, milho moído, eu trocava a água e lavava o vidro, mas não adiantou, no terceiro dia se não me engano, ele estava boiando de plancha. Minha família confirmou que acontecera aquilo que eles temiam, o peixe morreu sufocado, a água parada não continha oxigênio o suficiente para manter aquela vida.
Acredito que houveram sugestões para se livrar do corpo alimentando algum gato, mas eu havia me apegado e esse não era o fim que eu acreditava digno a um recente companheiro. Peguei uma enxada e fiz uma pequena cova em um canto de terra perto da lavanderia atrás da casa. Fiz um breve minuto de silêncio e despedida e o enterrei. Essa é a história do meu primeiro e último peixe de estimação. O pobre peixe vacilou, e agora virou crônica.
Clique aqui para conhecer o “Lambari” no google imagens.
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Publicado originalmente em 17 de Dezembro de 2021.
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