Beira de Estrada

Uns 100 metros à minha frente está a estrada de terra. De dia, enquanto digito alguma crônica ou estudo aqui na mesa da cozinha, acompanho o movimento de carros, caminhões, cavaleiros, ciclistas e pedestres. E não posso me esquecer dos tratores, muitos, principalmente agora na época de colheita. Várias colheitadeiras de um lado para outro indo em cada plantação colher o restante da safra de milho e soja. Caminhões transportando toras de pinus, porcos, gado, implementos, ração e leite.

Por um bom tempo eu já não estava conseguindo enxergar direito o que passava na estrada, o capim elefante estava alto e tampava minha visão, dando mais privacidade aos transeuntes. A lateral da estrada ficou um bom tempo sem ser limpa, tanto de cortar as ervas daninhas como de colher o capim. A um tempo atrás, soltamos o gado na plantação que havia ali, e passei a ir toda manhã cortar alguns feixes de pasto e jogar dentro da pastagem, para que as vacas comessem. Logo a minha vista aqui de cima foi ampliada, e agora consigo enxergar bem cada pessoa que passa na rua, mas com certa dificuldade os motoqueiros que por pouco não quebram a barreira do som.

Sempre quando limpava a lateral da estrada com a foice demorava muito, cortava cada ramo de capim, os tirava de dentro do córrego e limpava as duas laterais completamente. Mas ultimamente havia me concentrado em outras coisas e o mato foi tomando conta, com alguns de seus ramos invadindo a via. Mas em uma tarde decidi pôr um fim àquela visão obscura e renovar os humores dos transeuntes. Peguei a foice e decidi fazer o máximo que conseguisse naquela tarde sem caprichar tanto nos detalhes.

Primeiro rocei as ervas daninhas de um lado da valeta, a margem da estrada, e logo em seguida o outro. Não me apeguei à ideia de roçar as laterais íngremes do córrego, só o capim que era facilmente visto acima dele. Após isso peguei a roçadeira com uma lâmina para plantas de caules grossos e cortei os grandes pés de “Mata-Campo”, praga que havia infestado a pastagem paralela à estrada. Assim a grama voltou a crescer melhor e o gado consegue aproveitar mais, além é claro, de ficar tudo mais bonito.

Publicado originalmente em 08 de Maio de 2023.

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