Cá estou, sentado com o computador na mesa da cozinha, escrevendo mais uma crônica. Não escrevo uma crônica comum, é a crônica de retorno, de abraço forte, tapinha nas costas e carinho nos cabelos. Um retorno que não seria preciso, pois eu não fui a lugar nenhum, apenas deixei por um momento (quase dois meses), de expor meus devaneios e lembranças neste cantinho da internet. Talvez depois desse tempo eu seja apenas um desconhecido para você, um mero mortal escrevendo palavras vazias na areia da praia, ou rascunhando o vento. Mas se sentiu minha falta, sinta-se abraçado, e saiba que voltei aqui por você.
Mas afinal, por que eu deixei de escrever? Devo confessar, é uma boa pergunta. Tudo começou quando passei a me dedicar escrevendo mais do que uma crônica por semana, a fim de ter crônicas exclusivas e talvez no futuro publicá-las em um livro. Passei a me sentir mal pois acreditava ter tantas outras coisas importantes a serem feitas e eu estava lá, escrevendo.
Então em uma sexta-feira decidi que precisava escrever uma nova crônica a fim de publicá-la, e a um tempo permanecia em minha mente uma ideia de enredo, e comecei a dar os nomes e escrever as cenas. Criei a página e publiquei no servidor, mas não indexei na página inicial do site. Mandei o link a um amigo que avalia as crônicas e recebi seus elogios. Mas percebi que a história estava incompleta, eu não podia deixar de lado o restante, pois a ideia era ainda mais incrível.
Não queria postar um conto pela metade, e já estava no dia da publicação, o que me deixou ansioso. Eu não queria falhar, mas estava falhando. A semana passou e eu não publiquei nada. Outra semana veio, eu tinha esperança de então escrever duas crônicas, a daquela semana e outra para recuperar a lacuna da semana anterior. Mas não me ocorreu ideia, ou eu não quis aprimorar as que me apareceram.
No fundo me sentia cada vez mais ansioso, pois meu motivo de orgulho era postar crônicas toda semana, ainda mais faltando poucos meses para concluir um ano de crônicas semanais. E passava semana após semana e eu adiava em cada uma delas o meu retorno. Não foram muitos os que sentiram minha falta, ou pelo menos, que comunicaram isso. Mas houve quem percebeu o meu sumiço e me incentivou a voltar a escrever.
E como disse Franz Kafka: “ De um certo ponto adiante não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado”. Sinto que alcancei esse ponto, pois, por mais que escrever crônicas exija meu tempo e esforços, me faz ter certa medida de realização, por repartir alguns acontecimentos e ideias com outros e me dar uma sensação de produtividade, por registrar e materializar essas ideias.
E no fundo continuo sem assunto, mas como geralmente escrevo sobre escrever crônicas quando não tenho outra coisa a escrever, aqui está uma crônica sobre a escrita de crônicas, ou melhor, sobre o meu retorno a esse assunto, pois decidi dar uma explicação e iniciar uma nova era, provavelmente de crônicas melhores. E agora que quebrei o gelo, espero publicar novamente toda semana. E posso garantir uma coisa:
Como é bom estar de volta!
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Publicado originalmente em 07 de Outubro de 2022.
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