Chimarrão do Cronista

Foto de Mateo Heinze
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A água na chaleira esquenta, quase chega a ferver antes de eu a desligar. Coloco a erva mate até a “cintura” da cuia e a cubro com a mão, viro-a de lado e faço movimentos para cima e para baixo a fim de acomodar a erva na lateral. Tiro a mão com cuidado e vou levantando a cuia aos poucos enquanto derramo a água quente da chaleira no espaço que ficou vazio. Depois coloco a bomba no lado da água, tomo as primeiras goladas e despejo a água na garrafa térmica e levo junto com a cuia na mesa da cozinha onde está o computador.

Esse é o ritual que acompanha a minha rotina de estudos e a criação dos meus textos. Entre uma frase e outra dessa e de outras crônicas, dou uma pausa para pensar, pego a cuia e dou mais alguns goles de chimarrão. E se por algum motivo começo a escrever sem ter a cuia ao lado, começo a sentir sede, e não me sacio com água gelada, é uma sede que exige água quente, com aroma e amargor de erva mate.

Em alguns dias faço café, bebo uma ou outra xícara, com uma certa relutância, porque resisto a pôr açúcar. Depois de esvaziar a xícara e escrever ou estudar por um tempo, coloco mais água na chaleira e preparo o chimarrão, o café não me contenta. Às vezes (como hoje por exemplo), a água esfria depois de poucas “cuiadas”, e a erva perde a graça, mas continuo escrevendo, com a sede saciada. Têm dias que eu esvazio a garrafa térmica e não consigo escrever nada. Como você pode perceber, hoje não é um dia desses, pois escrevi esta crônica.

17/02/23

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