A Mudança

— Ajude eles, e não deixe eles sozinhos por nada! Essa é uma casa de família e eles não são uma família ainda! — disse o senhor Estefano para Felipe, que era o “porteiro” do prédio (o menino do Gibi). Felipe ficou incumbido de nos ajudar com os móveis enquanto meu pai tinha saído e o dono do prédio estava ocupado com seu livro. Não eram muitas coisas, o idoso havia impedido que o filho vendesse os móveis para sustentar o vício, e o apartamento permaneceu mobiliado. Felipe nos ajudou a carregar as caixas com as nossas coisas para o apartamento, que era geminado ao do Senhor Estefano no segundo andar. Em baixo ficava a garagem e o terceiro andar servia como sótão.

Após levarmos todas as caixas para cima começamos o processo de organização, livros, louças e bibelôs foram postos em seus lugares, e a mesa da cozinha foi mudada de lugar após uma reclamação de Priscila.

— Política da boa vizinhança! Trouxe suco! — disse Estefano ao aparecer com uma Jarra. Pegamos copos na cozinha e fomos servidos. Fomos sentar na sacada. Ah, a sacada, um dos maiores motivos de aceitarmos esse apartamento. “Donos do mundo” seria uma boa forma de descrever a vista. O prédio era meio retirado do bairro, acessível porém longe de vizinhos. A paisagem era um misto de natureza das montanhas ao redor e a cidade em panorama.

— Vão viajar após o casamento? perguntou Estefano.

— Estamos decidindo ainda — falei.

— Talvez algo simples, já estamos falindo com os preparativos do casamento — disse Priscila rindo.

— Sei como é — disse Estefano — eu tenho uma cabana de caça e pesca no interior, se quiserem, podem ir pra lá uns dias, como cortesia minha.

Ficamos sem saber o que responder, então pedimos um tempo para pensar.

Publicado originalmente em 12 de Março de 2021.

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