Eu me encantei pelas crônicas a um tempo atrás, provavelmente você já percebeu. Para mim, a crônica passou a ser uma literatura singela, sublime, delicada. Mas é claro, talvez as minhas não consigam exprimir essas qualidades aos leitores, tenho plena consciência de que sou um aprendiz, (e, exaltando minha modéstia), nem aos pés dos mestres do gênero.
Comecei minha jornada de escrita criando o início de algumas estórias que, ao meu ver, se tornariam livros razoavelmente grandes, com vários capítulos instigantes. Mas ficava perdido em minha própria criatividade, desenvolvia o início e via meios demais para chegar à conclusão. Daí conheci o conto, que se caracteriza por ser uma estória curta e com poucos personagens, até fiz um curso que me ajudou a organizar os enredos e dar mais vida a eles. O tempo que levo para escrevê-los ainda é grande, acabo desanimando por alguns meses e depois de um tempo, retomo o projeto.
A descoberta da crônica e dos cronistas foi um grande marco na minha vida. Porque por mais que ela seja encarada com pouca importância frente aos outros gêneros, com certeza mudou muitas vidas e foi muito bem usada por escritores de renome. É incrível, por exemplo, saber alguns acontecimentos na vida desses escritores, seus bastidores, suas divagações, gostos ou sentimentos. Também há o contexto histórico, em que as crônicas de vários autores foram retratando o Brasil e suas mudanças, tanto estéticas, bem como as de cultura e valores.
Com essas grandes obras primas da crônica, escritas por autores conhecidos, me ocorre a “Síndrome do Impostor”, me ocorrem perguntas como: “Será que o que eu escrevo realmente são crônicas?”, “Posso ser chamado de cronista? “, e “Será que meus textos são prejudiciais para o reconhecimento da literatura?” Fiquei muito lisonjeado com o que um amigo disse sobre as minhas crônicas: “Ao meu ver, o que você escreve é literatura!”. E outro: “Você é cronista sim!”. Frases assim me incentivam muito, mostram que há pessoas que admiram o que eu escrevo e torcem por mim. Mas pelo bem dos meus textos não me convenço plenamente, preciso muito melhorar, me esforçar mais e escrever crônicas ainda melhores.
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Publicado originalmente em 26 de Junho de 2022.