O reparo da cerca elétrica e a primeira colheita de Pinhão

A cerca elétrica do sítio exige reparos constantes, pois está sujeita a entrar em contato com muitas coisas que podem servir de condutor para que a corrente elétrica armazenada nela seja dissipada para o solo, diminuindo sua potência. Nesses casos as consequências são deprimentes, o gado com o passar do tempo percebe que a cerca está inofensiva, e aproveita para ir se alimentar nas pastagens alheias, que é claro, são sempre mais verdes. A um bom tempo eu vinha roçando com constância a cerca e fazendo os reparos quando um arame arrebentava ou um galho de árvore caía em cima.

Mas no último mês acabei adiando essa manutenção, e vários pontos com descarga de eletricidade, tornaram a cerca quase obsoleta, os animais ficaram dentro do cercado por trauma dos choques que haviam tomado no passado. Mas com a expectativa de viajar no final de semana (que agora já é final de semana passado), tive de fazer as manutenções, para evitar transtornos para os responsáveis temporários do sítio. Depois do almoço, comecei a roçar a cerca elétrica, procurando qualquer defeito que dissipasse a energia contida nela. Depois de vários metros verificados, cheguei embaixo de dois pinheiros Araucárias, e fiquei feliz ao encontrar os seus “frutos” espalhados pelo capim.

Tive vontade de juntar aqueles pinhões, mas estava sem um recipiente adequado para guardá-los, e decidi que mais tarde voltaria para casa e buscaria um balde. Continuei a manutenção por uns metros e lembrei que iria precisar da minha alicate, que havia esquecido em casa. Fui buscar a alicate e já peguei um balde para os pinhões. Chegando novamente ao pinheiro, fui caminhando atentamente em busca dos pinhões. O balde foi ficando cada vez mais pesado, e logo dei por terminada a empreitada. Poderiam ter sobrado alguns pinhões escondidos no capim, mas seria difícil achá-los e eu já estava satisfeito. Foi a primeira cozinhada de pinhões desse inverno, o toque especial que não pode faltar nessa estação aqui na Serra Catarinense.

Antes de esses pinhões começarem a cair, o comércio “pinhoeiro” já estava aquecendo. No grupo de compra e venda já haviam mensagens anunciando pinhões. Mas era um período em que as pinhas estavam meio verdes, e todos os anos a colheita tem uma simbólica proibição, até primeiro de abril. Bem interessante a colheita oficialmente começar no “dia da mentira”. Não que eu seja contra essa proibição, mas como todo mundo sabe, a lei não adianta de nada se não houver fiscalização. Enquanto alguns donos de sítio esperam pacientemente a proibição acabar ou os pinhões começarem a “desfalhar”, e em alguns casos quando isso acontece, alguém já assaltou os pinheiros e levou as pinhas embora.

Algo que tem me marcado nesses últimos invernos, é a ganância que envolve esse comércio, como se houvesse uma “máfia dos pinhões”. Pessoas discutindo por preço, ladrões furtando pinhas alheias, e outras situações que na minha opinião são controversas e injustas. Isso me deixa indignado porque o pinhão sempre foi pra mim algo sobre amigos e família, comunidade, um presente dos céus. Manhã com fogão a lenha, chimarrão e pinhão na chapa.

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07/04/24

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