O mais humilde

Algumas pessoas estavam almoçando em um restaurante quando um homem se deparou com outro à sua frente o encarando com uma feição intimidadora.

— O que foi? — perguntou.

— Não adianta disfarçar, sei que você é um desses arrogantes que andam por aí!

— E porquê você acha isso?

— Você está comendo de garfo e faca, é o auge da arrogância. Eu, como homem do povão que sou como apenas com o garfo.

— Então é assim? GARÇOM, traga uma colher aqui, vou mostrar pra ele quem é o humilde.

O garçom cumprindo seu trabalho, pegou uma colher na cozinha e voltou empolgado para saber o que reservava aquela discussão. Vendo que agora o outro estava comendo de colher, o que começou a intriga teve que apelar.

— GARÇOM! Pode levar esse garfo — falou enquanto erguia o queixo, abria a boca e comia o macarrão com as mãos.

— Olha aqui, eu como de boca aberta, escute os meus dentes mastigando a comida — disse o outro que havia largado a colher e estava comendo com a mão.

— Isso não é nada! — disse com a boca cheia — escute o meu arroto.

E a exibição de “humildade” continuava.

— Olha como eu estou descabelado!

— Eu estou sem sapatos — disse um entregando os sapatos para um vizinho de mesa.

— E eu estou descalço — falou o outro dando o sapato e as meias embora.

— Estou sem a gravata, você é um engravatado orgulhoso!

O outro também tirou a gravata, e logo começou a desabotoar a camisa.

Em outras circunstâncias os dois seriam convidados a se retirarem do restaurante, mas a discussão estava tão surreal que entretia os clientes e ainda atraía novos que passavam na rua e entravam para ver o que estava acontecendo.

Logo os dois estavam sem camisa.

— Olha aqui, tenho pelos no peito e uma barriga de chop! Legítimo homem do povo!

O outro magro e depilado se viu obrigado a tirar as calças: — Olha esses rasgos na minha cueca!

— Privilegiado você, eu nem posso tirar a calça.