Arrumando a casa ontem, reparei no caminhão de brinquedo que o filho da minha prima levou para a cozinha. É um caminhão de mais ou menos um metro, laranja, que eu ganhei do meu tio.
As rodas de madeira já estão com uma folga enorme, faltando alguns pedaços, não funcionam mais como deveriam. A carreta já perdeu uma lasca de madeira, e se não me engano, faltam mais algumas peças. Lembro do dia em que cheguei na oficina de chapeação da chácara da minha avó e me deparei com o caminhão ganhando forma, sem a carreta e com a tinta fresca.
Não lembro bem qual foi a minha reação, não lembro se eu sabia que aquele brinquedo seria meu, talvez pensei que seria para algum primo, afinal, eu não era um menino muito interessado por caminhões. Mais tarde, ganhei o caminhão pronto, com a carreta e a tinta fresca.
No começo, eu não saia de casa com ele, mas depois, andava pelo gramado e por fim, descia correndo uma ladeira com o caminhão puxado por uma cordinha e carregado com pequenas toras de madeira. O chão era cheio de troncos e raízes então não foi tanta surpresa as rodas estragarem.
Mas a minha infância passou, eu parei de brincar e a minha mãe guardou o caminhão em cima do meu guarda roupa, o brinquedo estava mal cuidado mas era meu xodó. Anos depois, o caminhão desceu do guarda roupa para fazer a alegria do filho do meu primo. Foi guardado no quarto de visitas e agora foi encontrado pelo filho da minha prima. É estranho como eu me apeguei a esse brinquedo de infância.
Levando o caminhão de volta ao quarto, pensei no que eu tinha feito com aquele carrinho. Não sei se permitiria meu talvez futuro filho de brincar com aquele brinquedo da mesma maneira que eu quando criança. Hoje em dia, não tenho mais muito contato com meu tio, mas ele fez um brinquedo que me deu muita alegria durante a infância, e agora, por ver e lembrar.
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Publicado Originalmente em 1 de Outubro de 2019.